
A presença de dezenas de urubus chamou a atenção durante as novas buscas realizadas no início da tarde desta terça-feira (16) no Pesqueiro Buscariollo, em Icaraíma. A propriedade pertence à família de Antonio Buscariollo, conhecido como Tonhão. Ele e o filho caçula, Paulo Ricardo, são apontado como um dos principais suspeitos do desaparecimento dos quatro homens na cobrança da dívida de terras.
A Polícia Militar Ambiental concentrou as diligências no local, mas não encontrou nenhum corpo. Apesar do cenário de expectativa, os policiais não informaram se foi possível colher vestígios que possam contribuir para a elucidação do caso, que já dura mais de 40 dias e mobiliza equipes da Polícia Civil, Força Nacional, Corpo de Bombeiros e unidades de elite da PM em diferentes pontos da região.
Pela manhã, existia a expectativa de que os corpos estivessem em poços desativados próximos do local onde, na sexta-feira (12), foi encontrada a Fiat Toro que as vítimas usaram para ir ao local marcado para o acerto da dívida. Essa possibilidade, da ocultação dos corpos em poços, continua no radar da força-tarefa, mas ainda segue no campo de hipóteses.

O silêncio das autoridades policiais em torno das investigações aumenta a cada dia. Isso porque o inquérito corre em sigilo, segundo a polícia, para não atrapalhar as investigações. A estratégia da polícia de falar pouco sobre o assunto descontenta os familiares das vítimas, que dizem passar pelos piores momentos de suas vidas, sem, no mínimo, terem direito ao luto.
Em entrevista recente, o delega-chefe da 7ª Subdivisão Policial, Gabriel Menezes, disse que o sigilo é necessário e que, ao final dos trabalhos, as famílias vão entender o motivo. Menezes é sempre lacônico em suas palavras. Entre os jornalistas, a aposta é que algo muito maior do que aparenta está para ser revelado.
Na noite desta segunda-feira (15), o delegado da Polícia Civil em Icaraíma, Thiago Andrade, afirmou que o trabalho policial vai continuar até que seja dada uma resposta à sociedade.
O caso

As investigações ganharam força na última sexta-feira (12), quando a Fiat Toro branca utilizada pelos desaparecidos foi encontrada enterrada em uma área de mata fechada, a cerca de 8 a 10 quilômetros de uma propriedade da família Buscariollo.
O veículo apresentava marcas de tiros de grosso calibre na parte frontal e nas laterais, além de vestígios de sangue nos bancos. A perícia avalia que as vítimas possam ter sido executadas dentro do carro, em uma emboscada, antes de terem os corpos transportados para outro local.

Outro elemento investigado é uma carta anônima recebida por Carlito, pai do produtor rural Alencar Gonçalves de Souza, uma das vítimas. O bilhete indicava que os corpos estariam enterrados no “sítio da dona Anunciada, Estrada Jundiá, na Mata do Tenente, dentro do carro”. A precisão das informações levou a polícia a considerar que o autor do bilhete possa ter conhecimento direto do crime.
Vítimas e suspeitos
Os desaparecidos são Robishley Hirnani de Oliveira (53), Rafael Juliano Marascalchi (43) e Diego Henrique Afonso (39), de São José do Rio Preto e Olímpia (SP), além de Alencar Gonçalves de Souza, morador de Icaraíma, que contratou os cobradores. Os quatro foram vistos pela última vez em 5 de agosto, quando saíram para, supostamente, fazerem uma negociação com o devedor.
A Polícia Civil aponta como principais suspeitos Antonio Buscariollo (66) e o filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo (22). Ambos estão foragidos desde o início das investigações e são considerados peça-chave para a elucidação do caso.
(Com imagens de Danilo Martins/OBemdito)