
A poucos quilômetros de Cascavel existe uma organização militar de acesso restrito e que, por questões de segurança, quase ninguém tem permissão para entrar. Esta, inclusive, foi a primeira vez que uma equipe de reportagem foi autorizada a mostrar como funciona o radar que vigia o céu do Sul do país e parte do Centro-Oeste.
Atrás dos portões fica o DTC, o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo, o local onde são monitoradas todas as aeronaves que cruzam o céu da região.
Cada voo é acompanhado em tempo real, garantindo que aviões comerciais e particulares, de pequeno ou grande porte, sejam monitorados de perto, queiram eles ou não.

Todas as informações captadas pelo radar e pelas antenas de telecomunicações são transmitidas para o Cindacta II, o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, em Curitiba, que controla e organiza o tráfego aéreo do Sul do país.
O planejamento de voo é um processo complexo e precisa de autorização da Força Aérea Brasileira. De lá, os controladores acompanham rota, altitude e o comportamento de cada aeronave e, se houver qualquer alteração, intervêm para manter a segurança.
A olho nu, não conseguimos saber quantas aeronaves estão sobrevoando a nossa região neste exato momento, nem ouvir tudo o que acontece lá em cima. Mas os radares, sim, conseguem enxergar tudo, e as antenas captam cada comunicação no espaço aéreo.
De perto, a estrutura que abriga o radar é impressionante: uma torre gigante com uma enorme esfera branca no topo. Essa esfera se chama radome e protege o equipamento de ventos fortes e da chuva. Por segurança, a equipe de reportagem não pôde entrar na área. O sistema está sempre em alerta: 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. Nunca fecha os olhos.
Muita gente da região não sabe que existe um destacamento de controle do espaço aéreo em Catanduvas, mas ele já tem 38 anos. A construção começou em 1986, e a unidade entrou em funcionamento em 1987.
E por que, entre tantas cidades, a escolhida para receber o destacamento foi Catanduvas? A resposta está na geografia.
“Nós estamos aproximadamente 900 metros acima do nível do mar. Aqui o radar tem uma amplitude melhor para fazer sua varredura sem alcance, que atualmente esse radar que nós trabalhamos, ele tem um alcance de 250 milhas que equivale mais ou menos a 400 quilômetros”, explica o Suboficial Guilherme Grummt, Especialista em Eletrônica Encarregado do Radar.
O voo 2283, que marcou um dos acidentes aéreos mais trágicos do país, não passou despercebido.
O avião, que decolou de Cascavel e caiu em Vinhedo em 9 de agosto de 2024, matando 62 pessoas, chegou a ser monitorado pelo radar de Catanduvas.
Mesmo diante de tragédias como a do voo 2283, a missão do destacamento é uma só: manter a ordem nos ares e garantir que cada avião chegue ao seu destino em segurança.
Catve