
Uma professora da rede municipal de ensino de Umuarama foi mordida por um aluno de 8 anos dentro da sala de aula nesta segunda-feira (2).
O caso ocorreu quando a docente tentou retirar das mãos do estudante uma régua e uma garrafa, que ele usava para bater um objeto no outro, atrapalhando o andamento da aula.
O episódio revelado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Umuarama (Sispumu) trouxe o atual debate sobre a saúde emocional nas escolas e a falta de suporte aos profissionais da educação diante de episódios de violência.

“Quem acolhe o professor?”
Segundo Lígia Strugala, presidente do Sispumu, o aluno foi acolhido pela equipe pedagógica e pela família, mas a professora ficou desamparada.
“O problema que trazemos aqui não é a criança, que foi acolhida. A problemática está além: quem acolheu a professora?”, questiona.
Lígia afirma que o coordenadoria geral de Educação do município estava presente na instituição no momento da agressão e que foi informado do ocorrido, mas nada fez.
“Viu o fato, foi informado da situação e simplesmente ignorou a condição da professora”, denunciou.
Sintoma de um sistema insensível
Para o sindicato, o caso não é isolado. “Ouvir o relato da professora dói, porque não é um caso isolado. É só mais um sintoma de um sistema que perdeu a sensibilidade.
Estamos esquecendo que, por trás de um conteúdo, há um ser humano com corpo, alma, medo e dor, que também precisa ser acolhido”, disse a presidente do Sispumu.
A sindicalista também criticou a forma como a gestão pública lida com o adoecimento dos docentes.
“Quando um professor está de atestado, a gestão entra em pânico e não porque está preocupada com o professor, mas porque quer saber quem irá substituí-lo. O sistema surta com a ausência do professor. A sociedade entra em colapso.”
Alta rotatividade e desvalorização
A dirigente sindical ainda destacou que muitos professores recém-chegados à rede municipal estão desistindo da profissão.
“Nem mesmo os professores novos estão ficando. Você já pensou nisso antes de dizer aquela velha frase: ‘Não está contente, pede as contas?’”, provocou.
Resposta da Secretaria Municipal de Educação
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação informou que irá “tratar o assunto internamente e que não vai se manifestar nesse momento”.
O Bemdito